Escrever pra
mim é muito mais fácil do que falar.
Eu não sei
ao certo o que se passa comigo, o que eu sei é que no momento dói; minha vida
tem sofrido muitas mudanças repentinas e inesperadas e eu me vejo tendo que
conviver e me adaptar com certos tipos de coisa que eu não queria aceitar, mas
me vejo obrigada a isso.
Sou do tipo
de pessoa, que “sofre calada”, as vezes prefiro guardar as minhas dores pra
mim, prefiro chorar no meu canto, escondido. Coloco pra fora toda dor acumulada
durante esses anos, em forma de palavras escritas e lágrimas.
Não vou
dizer que a minha vida é ruim, pois ela é o que eu mais tenho de precioso, dou
valor ao que Deus me deu, e agradeço todos os dias a ele por simplesmente ter
acordado, mas são grandes os obstáculos que eu tenho tido de enfrentar. Pode
parecer bobeira aos olhos de alguns, pode parecer que eu não tenho com o que me
preocupar, que eu só tenho por obrigação estudar, que eu não sei o que são
problemas, mas a verdade é que eu sinto, não tem sido fácil, na verdade acho
que nunca foi, das lembranças que eu tenho, muitas não são nada boas, vi e sei
de muita coisa, era pequena quando comecei a descobrir a crueldade que existe
no mundo e como as pessoas são capazes de machucar as outras, e continuar
cometendo o mesmo erro. Foi de pequena que as decepções começaram, e pior
ainda, dentro de casa. Descobri coisas que para uma criança foi um terrível
choque, e na verdade até hoje é.
Muitas vezes
vi meu pai cometer erros terríveis, vi minha mãe chorar enumeras vezes, e eu
pra não chorar na frente dela, me trancava em meu quarto e ali sozinha eu
chorava, eu não queria que ela me visse daquele jeito, o homem que ao mesmo
tempo era o meu heróis, me decepcionava aos poucos, foram anos e anos nessa
mesma história, noites mal dormidas, choros escondidos, pedia a Deus por
solução, ver minha mãe chorar sempre me arrancou o coração, eu sempre sofri com
ela, mesmo que ela não soubesse.
Descobri que
eu tinha uma irmã, e que meu pai não havia me contado nada, que por anos ele me
escondera isso. Com 11 anos eu descobri e com 15 ele surgiu com a história, mas
nunca se aprofundou no assunto, nunca me contou o que aconteceu, nunca me
explicou nada. De uma hora pra outra eu me vejo com uma irmã, dentro de minha
casa, aquilo pra mim foi muito estranho, eu não estva pronta pra isso, mas mais
uma vez eu tive que fingir que estava, tive que aguentar quieta, fingir que
tudo aquilo era normal, mas na verdade não, de normal não tinha nada. Foi como
se minha vida tivesse virado de ponta cabeça novamente, tanta mágoa, tanta
decepção, tanta dor.
Tenho
tamanho, tenho certa idade, mas em mim há uma menina que nunca cresce, que pede
por atenção, por um gesto de carinho que quase nunca recebeu, uma menina que
crescer, que precisa de ajuda, que precisa de um rumo novo, de uma vida nova,
precisa aprender a acostumar com os tombos das vida. Na verdade ela já deveria
ter acostumado, mas ela ainda chora, pra ela ainda doi e doi muito .